Painel de Promoção da Saúde Mental Infantojuvenil: dados que transformam políticas públicas

por Instituto Cactus

05 de dezembro de 2024

3 min de leitura

Dados e evidências Intersetorialidade Políticas públicas Prevenção e promoção
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A saúde mental de crianças e adolescentes é uma questão de crescente preocupação global e tem ganhado espaço nas discussões de saúde pública. No Brasil, estima-se que de 10% a 20% da população infantojuvenil sofra com adoecimentos mentais e, entre esses, 3% a 4% precisem de tratamento intensivo.

Políticas públicas efetivas precisam considerar que a saúde mental é resultado de diversos fatores. Então, como os gestores podem ter acesso e usar dados intersetoriais para promover a saúde mental e prevenir adoecimentos de crianças e adolescentes?

Para ajudar nessa tarefa, foi criado o Painel de Promoção da Saúde Mental Infantojuvenil, uma ferramenta desenvolvida pela Vital Strategies em parceria com a RD Saúde e nós, do Instituto Cactus. A plataforma apresenta um índice composto a partir de 29 indicadores que avaliam fatores de risco e proteção à saúde mental. O projeto nasceu a partir de um piloto em Fortaleza (CE), entregue em dezembro de 2022.

Confira como funciona o painel, de uso exclusivo de gestores públicos, e como ele pode ajudar a transformar dados em políticas públicas efetivas.

O que é o Painel de Promoção da Saúde Mental Infantojuvenil?

A ferramenta consolida dados de diversas fontes públicas e áreas – saúde, educação, segurança pública e assistência social – para criar um retrato detalhado das condições que influenciam a saúde mental de crianças e adolescentes. Esse retrato é sintetizado por meio do índice de promoção da saúde mental, que varia de 0 a 100, sendo 0 o ambiente menos favorável e 100 o mais favorável.

O índice é exibido de diferentes formas: para o Brasil, para os 26 estados e o Distrito Federal e para cada um dos 5.570 municípios brasileiros. Estão disponíveis indicadores dos anos de 2019 a 2022, permitindo, por exemplo, a avaliação do período da pandemia de Covid-19, que foi crítico para a saúde da população.

Além do índice geral, é possível visualizar o índice por domínios, ou seja, cinco categorias que reúnem indicadores de uma mesma área. Os cinco domínios avaliados são:

  1. Fatores Sociodemográficos: condições econômicas e sociais, como IDH, PIB per capita e taxa de mortalidade infantil.
  2. Relações Sociais Positivas: indicadores relacionadas a infraestrutura urbana, acesso à educação e suporte familiar.
  3. Eventos Estressantes: ocorrências como transtornos mentais e comportamentais, violência, mortalidade e trabalho infantil.
  4. Acesso, Uso e Demandas de Serviços de Saúde: cobertura vacinal, acesso ao pré-natal e serviços especializados.
  5. Morbidade em Saúde: taxas de desnutrição, transtornos mentais e internações relacionadas.

Com diferentes dados e visões disponíveis, prefeitos, governadores, ministros e secretários de saúde, educação, segurança, entre outros, podem entender rapidamente a situação geral do seu território ou mergulhar em análises específicas para identificar quais áreas da gestão pública precisam de mais melhorias.

Na prática: como usar o Painel de Promoção da Saúde Mental Infantojuvenil

Vamos supor que dois estados apresentem o mesmo índice geral de 48,9. No primeiro, o domínio “Eventos Estressantes” tem o índice mais baixo (36,9), enquanto “Acesso, Uso e Demandas de Serviços de Saúde” alcança 60. Já no segundo estado, “Fatores Sociodemográficos” é o domínio mais crítico (36,2), já o mais alto também é “Acesso, Uso e Demandas de Serviços de Saúde” (67). Apesar do índice geral idêntico, as prioridades de investimento e melhoria são completamente diferentes.

A plataforma também permite identificar disparidades dentro de um mesmo estado. Por exemplo, enquanto um estado pode ter um bom desempenho geral em “Acesso a Serviços de Saúde” (índice 60), é possível haver municípios bem abaixo da média, indicando a necessidade de atenção e recursos.

Ou seja, o Painel de Promoção da Saúde Mental Infantojuvenil possibilita ações de prevenção mais precisas e efetivas a partir de uma abordagem intersetorial, identificando problemas locais e acompanhando a evolução ao longo do tempo. “Promover a saúde mental não apenas melhora a qualidade de vida das pessoas, mas também representa uma mudança de paradigma ao reduzir gastos com doenças e direcionar recursos para investimentos que potencializem o bem-estar”, explica Maria Fernanda Resende Quartiero, fundadora e diretora presidente do Instituto Cactus.

Se você quer continuar se informando sobre a atuação do Instituto Cactus na prevenção de doenças e cuidados em saúde mental, leia nosso blog ou acompanhe nas redes sociais.

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