Clubhouse, mas o que isso tem a ver com a nossa saúde mental?

por Instituto Cactus

17 de março de 2021

3 min de leitura

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A discussão sobre o Clubhouse, e sobre redes sociais de forma geral, toca profundamente o tema da saúde mental, já que o ambiente virtual é, cada vez mais, um dos ambientes mais relevantes para trocas de ideias e experiências, expressão de sentimentos, e até mesmo de definição de identidade. Já parou para pensar quanto tempo você tem passado nas redes?

Achamos importante trazer este tema para discussão. Como sempre, gostamos de defender a informação e a reflexão sobre temas tão essenciais, para nos dar a capacidade de refletir sobre nossas escolhas e decisões.

Vale dizer que aqui, não queremos banir ou restringir o uso das redes sociais e nem do Clubhouse. O intuito é olhar para o tema sob a ótica de “fator de proteção”, ou seja, entender de que forma podemos fazer disso um aliado, já que faz parte da nossa vida.

O que é Clubhouse, exatamente? E o que isso tem a ver com a saúde da minha mente? O Clubhouse é uma nova rede social, na qual os usuários podem entrar exclusivamente via convite de quem já faz parte da plataforma. As conversas e trocas se dão em torno de temas de interesse, com mais aprofundamento das discussões ao se trocar mensagens via áudio, e não escrita. Outra característica da rede é que as conversas são imediatamente apagadas após a interação, em uma tentativa de simular a vida real, em que, de fato, nossas trocas presenciais não ficam registradas.

A nosso ver, toda a movimentação e atenção que vem sendo dada ao Clubhouse pode ser também um reflexo do quanto nossa sociedade está buscando um espaço mais profundo de fala e escuta, para além de posts superficiais que não necessariamente geram engajamentos e discussões profundas sobre temas. As trocas, no caso da Clubhouse, aconteceriam de forma mais fluída, e com menos ruídos de comunicação.

Este movimento pode refletir também, uma vontade da sociedade de ter um espaço para trocas que seja mais fiel ao da vida real, com menos “filtros”, mais profundidade e tempo de escuta. Por esses e outros motivos, a experiência desta e outras redes sociais pode, sim, ser positiva do ponto de vista de gerar conexão, permitir trocas e escuta ativa, e criar comunidades de apoio.

No entanto, temos que tomar cuidado sobre alguns pontos. Há ainda um desafio enorme dessa rede conseguir efetivamente gerar pertencimento, inclusão e acolhimento.

De um lado, por nascer ainda exclusiva, em que só podem fazer parte aqueles que têm convite, deixamos de lado muitas vozes e pessoas que deveriam fazer parte de trocas relevantes, além de podermos nos sentir menos pertencentes e mais ansiosos por não termos recebido “o tal convite” .

Outro ponto sobre inclusão, é o fato da interação acontecer via áudios, o que acaba excluindo parte importante da população, como aqueles com deficiência auditiva, por exemplo.

Como a rede hoje ainda não tem regras claras para a moderação de conteúdo, corre-se o risco de se tornar mais um espaço para discursos de ódio e outros tipos de abuso.

Por fim, por mais que tenhamos avançado nas tecnologias de inteligência artificial, aplicativos de rede social ainda pecam ao tentar se assemelhar à vida real, com seus altos e baixos, prazeres e sofrimentos. Quando nos focarmos demais no viver “online”, podemos nos desconectar da nossa experiência humana que nos leva a um crescimento e desevolvimento.

Essas são apenas algumas das nossa considerações sobre a Clubhouse. A nossa provocação é a de refletirmos sobre o que estamos intencionalmente nos propondo a fazer com o uso dessa e de outras redes sociais e qual a forma de engajamento que nos trará mais bem-estar e nos permitirá trazer mais pessoas conosco.

E você, já parou para pensar em como se engaja nas redes sociais e como faria (ou está fazendo) isso na Clubhouse, se pudesse parar para pensar?

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