Por que é importante pensar em diversidade dentro da saúde mental

por Instituto Cactus

30 de agosto de 2024

4 min de leitura

como cuidar da saúde mental Dados e evidências Intersetorialidade Mulheres Prevenção e promoção Saúde mental
voltar

A diversidade, junto com a equidade e a inclusão, é um tema central e inadiável no mundo contemporâneo. Vivemos em uma sociedade formada por pessoas de diferentes gêneros, orientações sexuais, etnias, idades e condições físicas ou mentais, entre outras pluralidades. Cada indivíduo enfrenta realidades e desafios únicos, que podem variar desde o estigma e invisibilização até a violência – situações que frequentemente resultam em questões de saúde mental.

A saúde mental é uma dimensão essencial do bem-estar e, por isso, é vital garantir que toda a população tenha acesso integral a serviços psicológicos. Mais que isso, os serviços de saúde também precisam ser acessíveis, acolhedores e eficazes para todos, considerando os diversos fatores sociais que influenciam cada grupo. 

Abaixo, exploramos a saúde mental de alguns grupos socialmente minimizados, como as mulheres, as pessoas LGBTQIAP+ e as pessoas com deficiência.

Mulheres e saúde mental: uma luta por equidade

Historicamente, as mulheres enfrentam desafios no acesso a cuidados de saúde mental, agravados por pressões sociais, violência de gênero e expectativas culturais que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais. Pensando nisso, elas são um dos públicos prioritários na atuação do Instituto Cactus.

De acordo com a coleta mais recente de nosso Panorama da Saúde Mental, realizado em parceria com a AtlasIntel, o Índice Contínuo de Avaliação da Saúde Mental (ICASM) das mulheres e pessoas não-binárias é cerca de 100 pontos inferior ao dos homens. A maior disparidade se encontra na dimensão Vitalidade, que mede a capacidade de enfrentar desafios e adversidades: as mulheres apresentam 592 pontos, em comparação a 705 dos homens.ICASM - Gênero A equidade em saúde mental para as mulheres requer o reconhecimento de fatores como esses e o trabalho para eliminá-los. Isso inclui o desenvolvimento de políticas públicas que promovam o acesso a serviços de saúde mental especializados, que abordem questões como violência doméstica e que garantam que as vozes das mulheres sejam ouvidas e valorizadas no processo de tratamento.

Baixe agora: 2ª coleta do Panorama da Saúde Mental

População LGBTQIAP+: indicadores de saúde mental preocupantes

A comunidade LGBTQIAP+ é formada por uma diversidade de identidades: lésbicas, gays, bi, trans, queer/questionando, intersexo, assexuais/arromânticas/agênero, pan/póli, não-binárias e mais. Esse grupo enfrenta sérios desafios de saúde mental, muitas vezes resultantes do preconceito, rejeição familiar, exclusão social, sentimento de não pertencimento e violência física.

O Brasil é um dos países mais transfóbicos do mundo, liderando o número de assassinatos de pessoas trans há 15 anos consecutivos, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Essa violência e intolerância têm impacto direto no bem-estar mental dessas pessoas. O Panorama da Saúde Mental registrou que o ICASM de pessoas transgêneras foi de 492, 156 pontos abaixo do ICASM de pessoas cisgêneras (648). Já pessoas de gênero fluido apresentaram um ICASM de 614.ICASM - Identidade de gêneroConsiderando a orientação sexual, o ICASM de pessoas heterossexuais (653) supera o de homossexuais (538) e bissexuais (528). O ICASM de pansexuais foi de 801, embora a amostra de respondentes desse grupo seja muito pequena.ICASM - Gênero No videocast “Saúde Mental é Assunto de Todas as Pessoas”, do Instituto Cactus, a palestrante e empresária Mari G destacou como a busca por inclusão e pertencimento impacta profundamente o bem-estar mental da população LGBTQIAP+. Assista ao vídeo completo.

Pessoas com deficiência: acessibilidade e inclusão

A acessibilidade é um dos maiores desafios enfrentados por pessoas com deficiência no campo da saúde mental. Muitos ambientes de tratamento não são adaptados às suas necessidades, e há uma escassez de profissionais capacitados para lidar com as especificidades desses pacientes.

O ambiente escolar também é um fator fundamental para promover a saúde mental de crianças e adolescentes com deficiência. É possível basear-se nos princípios da educação inclusiva de pessoas com deficiência de Rodrigo Mendes, fundador do Instituto que leva o seu nome. Isso envolve a adaptação curricular, capacitação de profissionais, engajamento da comunidade escolar e a construção de uma cultura de respeito e inclusão. Políticas públicas de educação inclusiva devem ser integradas às de saúde mental, assegurando que as escolas disponham de recursos tanto para a inclusão física e curricular quanto para o apoio psicológico de alunos com deficiência.

Além da diversidade, a interseccionalidade nos cuidados de saúde mental exige a compreensão de como diferentes aspectos da identidade interagem e influenciam as necessidades e experiências das pessoas. Essa abordagem reconhece que desigualdades e discriminações podem se sobrepor, criando barreiras adicionais para o acesso a cuidados adequados. Portanto, os serviços de saúde mental devem ser sensíveis a essas múltiplas dimensões.

Lembre-se: a prevenção e os cuidados em saúde mental não são privilégios, mas uma necessidade universal é um assunto de todas as pessoas.


O Instituto Cactus existe para ampliar o debate e os cuidados em prevenção de doenças e promoção de saúde mental no Brasil, especialmente entre adolescentes e mulheres. Se você gostou deste assunto, leia mais no nosso blog ou acompanhe pelas redes sociais.

voltar
Voltar para
o topo

Fique por dentro das nossas novidades! Inscreva-se* em nosso boletim informativo: