Ansiedade climática: como mudanças climáticas podem afetar a saúde mental

por Instituto Cactus

05 de fevereiro de 2025

4 min de leitura

Intersetorialidade Saúde mental
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Não é só impressão sua. Eventos extremos, como inundações, ondas de calor e incêndios florestais, são frequentes e intensos – e crescentes. A ONU confirmou que 2024 foi o ano mais quente já registrado, um recorde de temperatura que vem sendo superado ano a ano na última década.

Além dos danos ambientais e socioeconômicos, a sustentabilidade e a saúde estão intimamente relacionadas. Dessa forma, a crise climática também representa sérios riscos para a saúde mental, segundo um alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS). Abaixo, apresentamos o que é ansiedade climática ou ecoansiedade, quais os grupos mais vulneráveis e como lidar com esses transtornos.

O que é ansiedade climática ou ecoansiedade?

De acordo com a Fiocruz, o termo “ecoansiedade” foi descrito pela primeira vez em 2017 pela Associação Americana de Psicologia (APA). Desde então, tem sido usado com mais frequência e, hoje, está listado entre as novas palavras no dicionário da Academia Brasileira de Letras, ao lado dos sinônimos “ansiedade climática” ou “ansiedade ecológica”.

Essa ansiedade climática refere-se a sentimentos de preocupação, culpa, angústia e medo, entre outros, em relação aos impactos das mudanças climáticas e o futuro do planeta. Ela pode surgir diante de um evento extremo que coloca em risco a segurança e o bem-estar do indivíduo e da comunidade, ou mesmo pelo consumo de informações sobre o assunto.

O psicanalista Christian Dunker, membro do Conselho Consultivo do Instituto Cactus, comentou sobre o impacto dos desastres ambientais em nosso videocast. Segundo ele, essas crises afetam a todas as e geram uma “corrosão do futuro”, fazendo com que as pessoas enxerguem um futuro mais curto. Isso pode intensificar a ansiedade, alterando a forma como fazemos nossas escolhas no presente.

Determinantes sociais da saúde: as mudanças climáticas não afetam todas as pessoas de forma igual

Durante a entrevista, Dunker também destacou que “a crise climática não afeta todas as raças da mesma maneira. Condições adversas são cruzadas com gênero, com classe, com raça […].”

E a OMS reforça: os impactos da mudança climática na saúde mental acontecem de forma diferente para cada pessoa afetada, dependendo de alguns fatores como status socioeconômico, gênero e idade. Por isso, a organização pede que governos do mundo todo coloquem a saúde mental como prioridade nos planos de ação climática e desenvolvam abordagens para reduzir vulnerabilidades.

Populações tradicionais, como indígenas e ribeirinhos, estão entre os grupos mais afetados pelas mudanças climáticas. Dependendo diretamente da natureza para sua subsistência, essas comunidades sofrem impactos diretos, como escassez de água potável e alimentos, e o risco de deslocamento forçado devido ao avanço da degradação ambiental.

Mulheres e adolescentes, públicos prioritários na atuação do Instituto Cactus, também estão entre os mais vulneráveis. Além dos desafios socioeconômicos que enfrentam, esses grupos são suscetíveis ao impacto emocional e psicológico das mudanças climáticas, devido a fatores como insegurança alimentar, falta de acesso à saúde e diminuição do convívio ao ar livre ou com a natureza.

3 dicas para lidar com a ansiedade climática

Se você sente angústia ou algum dos sentimentos que mencionamos acima ao pensar nas mudanças climáticas e em seus impactos, saiba que é um sentimento legítimo e compartilhado por muitas pessoas. No entanto, é possível buscar estratégias para lidar com isso. Aqui vão três dicas:

1- Informação com equilíbrio

Estar informado sobre a crise climática é importante, mas o excesso de notícias, frequentemente negativas, pode aumentar a sensação de impotência. Procure fontes confiáveis e evite a sobrecarga de informações.

2- Ação e engajamento

Participar de iniciativas ambientais, como plantio de árvores e consumo consciente, pode ajudar a transformar a preocupação em um senso de propósito e coletividade. O mesmo vale para o ativismo.

3- Cuidado com a saúde mental

Técnicas como meditação, exercícios físicos e terapia podem ajudar a reduzir a ansiedade e fortalecer a resiliência emocional diante das incertezas sobre o futuro. Se você estiver em sofrimento psicológico, não espere para buscar diagnóstico e apoio profissional.

As alterações climáticas e seus efeitos na saúde da população devem ser reconhecidos globalmente. O papel das organizações do terceiro setor, dos profissionais da saúde e da ciência e dos gestores públicos é se envolver e alertar para a criação de políticas públicas para este problema minimizado.

Se você quer continuar se informando sobre a atuação do Instituto Cactus na prevenção de doenças e cuidados em saúde mental, leia nosso blog ou acompanhe nas redes sociais.

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