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Habilidades socioemocionais e saúde mental: uma exercício de (auto)cuidado para a vida inteira
voltarVocê certamente já ouviu falar sobre a importância do desenvolvimento de habilidades socioemocionais na infância e adolescência. Estas competências relacionam-se com a capacidade de lidar com as emoções, desenvolver autoconhecimento, se relacionar, ser capaz de colaborar, mediar conflitos e solucionar problemas.
Existem diversas evidências e muita informação sobre o tema, que inclusive faz parte da nova BNCC (Base Nacional Curricular Comum), que trabalha as competências socioemocionais (autoconsciência, autogestão, consciência social, habilidades de relacionamento e tomada de decisão responsável) em alunos da educação básica.
Mas pouco se fala sobre habilidades socioemocionais em outras fases da vida, como se só pudessem ser concebidas e aperfeiçoadas durante as fases de desenvolvimento e, então, na fase adulta, não precisássemos nos dedicar a isso. Na verdade, diversas pesquisas apontam que o desenvolvimento dessas competências fortalece os fatores de proteção em saúde mental e melhora o bem-estar, capacidade de aprendizagem e a produtividade.
Por isso é muito importante trabalhar isso em todas as fases da vida. Olhar para nossas próprias habilidades socioemocionais e nos ocupar em aperfeiçoá-las, de forma permanente, por toda a vida, é uma forma de autocuidado em saúde mental que opera na dimensão individual e também na coletiva.
Podemos pensar no desenvolvimento contínuo e permanente dessas competências como uma ação de prevenção e promoção em saúde mental focando em dois tipos de comportamentos: a relação consigo mesmo (intrapessoal) e a relação com outras pessoas (interpessoal). Isso porque elas nos permitem, entre outras coisas, a lidar com emoções e adversidades comuns da vida, como instabilidade econômica, acidentes e situações inesperadas, luto e rompimento, entre outras dificuldades.
Já falamos várias vezes por aqui: saúde mental é assunto para todo dia e para a vida toda e o último conteúdo da série especial Saúde Mental é Todo Dia! reforça mais uma vez que estamos diante de uma questão coletiva e que requer cuidados contínuos. Como sabemos que isso não é tarefa fácil, elegemos 7 habilidades socioemocionais importantes para desenvolver e aperfeiçoar em qualquer idade e que podem contribuir para cultivar a saúde mental.
Para deixar esse assunto mais compreensível e também divertido (pois entendemos que nada disso é fácil) ilustramos cada uma das competências com um GIF que representa bem o que estamos falando em uma linguagem que todo mundo gosta. Confira e compartilhe com sua rede de apoio!
1) Propósito: trata-se da intenção estável de realizar algo ou alcançar algum objetivo que é ao mesmo tempo significativo para quem realiza, mas também tem impactos para outras pessoas. O desenvolvimento dessa habilidade está associado a processos de formação de identidade e favorece a confiança, já que perceber que a dedicação traz frutos positivos estimula o aperfeiçoamento e o aprendizado contínuo.
2) Autocontrole: capacidade de controlar ou de ter domínio sobre os próprios impulsos, o que nos permite manejar emoções e frustrações cotidianas e pensar antes de agir por impulso. Quando identificamos os gatilhos que nos provocam medo, raiva ou tristeza, por exemplo, avançamos no autoconhecimento, que é um pressuposto da autorregulação emocional. Uma das estratégias para desenvolver essa habilidade são exercícios de planejamento e estabelecimento de metas.
3) Garra: caracteriza-se pela busca constante por um objetivo, apesar das adversidades. A persistência é um valor importante para a realização de objetivos, desde as conquistas simples até as mais complexas. Sustentar os esforços e os interesses em projetos de longo prazo favorece o aprendizado contínuo e dá consistência às decisões tomadas ao longo da vida.
4) Inteligência emocional: habilidade de monitorar os próprios sentimentos e também os de outras pessoas e usar esta informação para guiar os próprios pensamentos e ações (perceber emoções com precisão, identificar gatilhos, usar emoções para facilitar pensamento, entender emoções e seus significados). Torna possível encarar as próprias emoções, usá-las a nosso favor e reagir melhor aos sentimentos das outras pessoas, propiciando relações mais empáticas.
Um dos modelos usados para desenvolver a inteligência emocional é o “RULER”, que propõe:
- Reconhecer emoções em si e nos outros (Recognizing, ou reconhecimento);
- Entender as causas e consequências de emoções (Understanding, ou entendimento);
- Rotular emoções com um vocabulário diverso e preciso (Labeling, ou rotular);
- Expressar emoções construtivamente (Expressing, ou expressar);
- Regular as emoções efetivamente (Regulating, ou regular).
5) Inteligência social: capacidade de entender e administrar relações com pessoas de todos os gêneros, idades e origens, e agir com sabedoria nas interações com elas, construindo afetos saudáveis e positivos com o mundo externo. Com ela, aprendemos a identificar a hora certa de ouvir e falar, escolher qual tom e linguagem usar, assim como a forma mais adequada para responder as questões que nos são colocadas, construindo relações positivas.
6) Gratidão: é caracterizada como um estado de apreciação do que é valioso e estimado na vida ou uma ação habitual de apreciar os outros e o mundo em que vivemos. Está associada ao funcionamento social e emocional positivos, com a abertura para novas experiências e maior conexão com os próprios sentimentos. Algumas formas de desenvolver a gratidão são a criação de listas diárias de coisas pelas quais agradecer, exercícios de contemplação agradecida, e expressões comportamentais de gratidão.
7) Mentalidade de crescimento: existem dois tipos de mentalidade, a fixa e a de crescimento. Na primeira, as pessoas acreditam que inteligência e talento são imutáveis e que por maior que seja o esforço, não haverá resultados, quando não há aptidão. Têm pensamentos como: “Isso não é pra mim, não tenho o dom”, “Nunca vou conseguir”, “Não vou tentar porque é muito difícil!”, “Já passei da idade”. Na segunda, desenvolvemos habilidades por meio de dedicação e tentativas e encaramos as falhas como parte do processo de aprendizagem. Temos pensamentos como: “Vou com medo mesmo”, “Tudo bem errar, o aprendizado não é linear”, “Não tem mágica pra ficar bom nisso, tenho de correr atrás, me dedicar” e o uso do “ainda” como aliado no nosso processo de aprendizagem e crescimento: “ainda estou aprendendo a trabalhar com isso”.
Como você acha que podemos trabalhar melhor essas “qualidades interiores”, que a maioria das pessoas valoriza no dia-a-dia, mas que por serem subjetivas, quase sempre acabam ficando em segundo plano em relação a algumas questões mais objetivas, como as competências profissionais?
Aqui no Instituto Cactus defendemos que é necessário incorporar a “lente” da saúde mental e integrar cada vez mais setores sociais para avançar em formas de prevenção e promoção da saúde mental que contribuam para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas. Nesse sentido, falamos do desenvolvimento de habilidades socioemocionais como um exercício contínuo, que requer cuidados de forma permanente, e que pode favorecer a saúde mental de todas as pessoas, nas diversas fases da vida.
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